sábado, 29 de outubro de 2011

Era tão habituada à complicação, tão imersa na confusão que ela, ou os outros criavam na sua vida que chega a estranhar que as menores e mais simples coisas possam dar certo pra ela.
Estava acostumada a situações apoteóticas e pessoas melodramáticas, que ao ver o simplório, foi como um choque.
Um choque de realidade.
Que felizmente a fez perceber que o mais importante não é o mais extravagante e fabuloso, que esse, mesmo com toda a pompa não consegue atingir o resultado esperado, mas que o pequeno, bem feitinho e delicado é capaz de despertar o melhor que alguém pode dar, e receber.
E sendo assim, escolheu as coisas mais simples.
-Nayara Alexandra.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Inconstante?

As minhas inconstâncias batem, rebatem
se unem e se separam
lutando pra serem constantes.
Apesar do desprezo conferido a tais sentimentos, por quem deveras dele é autor
eles insistem, persistem, resistem e fazem morada.
Habitam onde não deviam, é contra vontade, algoz.
Contudo, sorrateiramente, como um ladrão noturno
sempre encontram as vulnerabilidades e intempéries do eu-hospedeiro
 eles insistem, persistem,resistem e fazem morada.
Desse jeitinho torto, acabam ganhando seu espaço 
e se confundem com os outros sentimentos que mantém o eu-hospedeiro.
Pronto! Isso tudo já é parte do que o edifica, que o mantém, e tenho dito.
 -NayaraAlexandra.



Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade. Pinto a realidade com alguns sonhos, e transformo alguns sonhos em cenas reais.Choro lágrimas de rir e quando choro pra valer não derramo uma lágrima. Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz.
Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais.Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo.Nem eu sou o que penso que eu sou.Nem nós o que a gente pensa que tem.
Prefiro as noites porque me nutrem na insônia, embora os dias me iluminem quando nasce o sol. Trabalho sem salário e não entendo de economizar.Nem de energia. Esbanjo-me até quando não devo e, vezes sem conta, devo mais do que ganho.Não acredito em duendes, bruxas, fadas ou feitiços. 
Não vou à missa. Nem faço simpatias. Mas, rezo pra algum anjo de plantão e mascaro minha fé no deus do otimismo.Quando é impossível, debocho. Quando é permitido, duvido. Não bebo porque só me aceito sóbria, fumo pra enganar a ansiedade e não aposto em jogo de cartas marcadas.Penso mais do que falo. E falo muito, nem sempre o que você quer saber.
 Eu sei. Gosto de cara lavada — exceto por um traço preto no olhar — pés descalços, nutro uma estranha paixão por camisetas velhas e sinto falta de uma tatuagem no lado esquerdo das costas.Mas há uma mulher em algum lugar em mim que usa caros perfumes, sedas importadas e brilho no olhar, quando se traveste em sedução.Se você perceber qualquer tipo de constrangimento, não repare, eu não tenho pudores mas, não raro, sofro de timidez. 
E note bem: não sou agressiva, mas defensiva.Impaciente onde você vê ousadia.Falta de coragem onde você pensa que é sensatez.Mas mesmo assim, sempre pinta um momento qualquer em que eu esqueço todos os conselhos e sigo por caminhos escuros. Estranhos desertos.E, ignorando todas as regras, todas as armadilhas dessa vida urbana, dessa violência cotidiana, se você me assalta, eu reajo.

-Martha Medeiros.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Tem gente que troca presentes, manda cartas, chocolates, ursinhos e todas essas coisinhas a fim de com isso provar que sente algo relativamente expressivo por outrem.
Por outro lado, há gente mais sábia que com um olhar, um abraço apertado e um beijo suave demonstra que ama sinceramente outra pessoa.
-NayaraAlexandra


sábado, 15 de outubro de 2011

Mais difícil que começar coisas, é terminar coisas.
Principalmente se essas coisas envolvem outra pessoa e tem um sentimentozinho no meio.
Porque o bicho homem tem um dom natural de complicar bastante qualquer situação antes de finaliza-la , parece que o sofrimento atrai. Ou não, talvez seja só esse apego natural que a gente cultiva.
É tanto apego, que se apega até ao que não existe mais.
Pois venhamos e convenhamos, manter vínculos com ilusões, às vezes, é melhor do que aceitar a ideia que não  se está preso a nada. Só assim, mantém dentro da gente a aparência que ainda estamos fazendo parte de algo, e pelo menos até a distância e o desamor de outrem, ainda é nosso. E mesmo que o amor, e tudo que havia de bom tenha se dissipado, ainda passamos um tempo considerável tomando posse daquele desprezo que é só nosso, da indiferença que é só nossa, de tudo que é só nosso. Menos a outra pessoa. É a forma torta de fazer com  que a mesma permaneça.
E alguém precisa nos ensinar a como deixá-la simplesmente, passar. Sem mais dores, sem mais decepções e sofrimentos. Porque tudo passa, tudo deve passar.É o natural. Que as coisas se renovem, pra melhores chegarem, manter-se preso ao que já acabou, é impedir a reciclagem do coração, da alma. 
E coração usado é diferente de coração reciclado.




Ps.: O coração usado ainda sofre por partos anteriores, é bloqueado pra novos habitantes. Já o reciclado, por sua vez, além de estar recuperado, também anseia estímulos pra viver novas experiências.


-Nayara Alexandra






"Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais."
-Ana Jácomo

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Era um dia frio, que pedia um abraço. Mas ela estava ali, linda, parada frente a ele.
Ele, bobo, como sempre fica quando está perto dela, se perguntando o que um ser tão perfeito quanto aquele, tinha visto de interessante nele.
Ela do outro lado da cama, olhava pra aquele magrelo de cabelo emaranhado e via seu olho brilhar a cada respiração dela, e se sentia a pessoa mais especial do mundo, se perguntando como ele conseguia fazer com que tudo parecesse tão lindo quando estavam juntos.
De repente, ela pediu que ele se calasse, ele assustado, aliás, ela sempre o assusta, o intriga, e ele se sente ternamente atraído por isso. Mas ela pediu que ele ficasse quieto. Ele atendeu. Ela abaixou a vista, passou uma mecha do cabelo loiro pra trás da orelha, coçou o nariz e deu aquela risadinha que ele adorava. Pode crer, mas o mundo parou, naquele instante (ao menos pra os dois), ela o puxou pela nuca fazendo com que a olhasse bem nos olhos.
Ele se perguntava, o que ela queria dizer. Sentia medo, estava nervoso, o coração a mil.
Então, fazendo o mundo girar de novo, ela sussurrou no seu ouvido: "Eu te amo".
Ele não conseguia dizer nada. Ele a amava, desde o primeiro dia. Mas ouvir dela, era desconcertante.
Puxando-o para si de novo, ela olhou seus olhos, havia um brilho diferente, que eu e você não entenderíamos nunca. Mas pra ela fez todo o sentido.
Ele não precisou dizer nada. Mas ela tinha entendido tudo. E o beijou, como nunca tinha beijado antes.
E ficaram ali, abraçados não se sabe por quanto tempo, embalados pelas batidas aceleradas do coração um do outro.
-Nayara Alexandra.










"As vezes sob um simples olhar é possível desvendar mistérios de tal profundidade que as palavras não são capazes de atingir."-Diogo Michel.