quinta-feira, 15 de novembro de 2012

"[...] a felicidade onde está?"


Pra começo de conversa, estar feliz não é difícil, não. É bastante simples até, nem requer muito intelecto e esforço da sua parte. Não funciona assim. A felicidade, ao meu ver, é algo natural, porém transitório. É, transitório! Ninguém é feliz, por exemplo, eu: Eu não sou feliz. Talvez hoje eu não esteja totalmente feliz, mas amanhã quem sabe? Por essas e outras coisas não me conformo com respostas bonitinhas e pré-definidas do tipo: "Sou uma pessoa feliz o tempo todo", ou "Fulano é a causa da minha felicidade". Primeiro, ninguém é feliz o tempo inteiro, segundo, a felicidade é um estado de espirito pessoal, se você se sente feliz na companhia de alguém é porque no mínimo, algo está bem dentro de você e possibilitou isso, desencane dessa ideia de alma  gêmea, príncipe encantado e tudo mais que movimenta a indústria do amor. É tão mais simples se manter equilibrado, atento pra tudo de bom que acontece diariamente e aí quem sabe no meio de tudo isso, não tem alguém interessante que complemente suas frustrações, ou lhe fale as coisas que você precisa ouvir? Não precisa que seja lindo, sarado, sensível e meigo, que tenha um PHD e uma conta gorda no banco. Vá por mim, apenas coisas desse tipo não vão te fazer sentir feliz. Aí, você "me lendo" ou me vendo por aí, pode pensar "Nossa, como ela é... será que é depressiva? Deve ser mal amada!" Rá! Conseguem visualizar a minha expressão de preocupação? A resposta é não, porque eu não estou preocupada com isso. Bom, nunca me diagnosticaram com nenhuma depressão, e se eu a tivesse, seria bastante madura pra tratar dela, e quanto ao amor, não me considero mal ou bem amada. Acho que recebo afetos e cuidados na mesma proporção que os ofereço, e até onde sei minhas contas estão equilibradas nesse sentido. O fato é que por uma série de motivos, as pessoas preferem parecer felizes, esfregar na cara da sociedade uma euforia descontrolada de viver pra quem sabe, ofuscar aquele vazio que elas carregam consigo. E quando digo as pessoas, quero dizer que a minha farinha também está contida nesse saco, a diferença talvez, é que depois de algumas "sacudidas" que a vida meu deu, eu parei de tentar fingir. Parei de tentar me convencer que sou forte o suficiente pra me manter inatingível e feliz 365 dias por ano, quando na verdade não sou. Meu estado emocional está mais pra uma montanha russa com quedas e "loops" do que pra uma esteira rolante harmoniosa e controlada. Contudo, a partir do momento que aceitei isso, passei a lidar melhor com os "baixos" da vida, e a encará-los não necessariamente como derrota, mas como um incentivo inesperado para o meu crescimento. Foi daí que percebi que em dias assim, não há como eu dizer que sou feliz, quando na verdade não me sinto assim. Porém, o dia por pior que seja, sempre acaba, me dando mais "24" novas chances de fazê-lo melhor no dia seguinte. No entanto, atrevo-me a me dizer que repensando minha vida até hoje, cheguei a conclusão ( e fiquei ao feliz ao fazê-lo rsrs) que passei a maior parte da minha vida estando feliz, que não foi sempre que quis chorar, ao contrário, boa parte da minha vida eu estava rindo sem motivo, e isso me deixou feliz. Fiquei feliz por saber que passei minha vida com mais dias felizes do que tristes. Mas não me envergonho dos meus dias infelizes, nem deveria, sei que, talvez não hoje, ou amanhã, ou depois, mas um dia terei condições suficientes para entender a importância desses dias na minha vida, de como a infelicidade foi necessária para que eu buscasse meios que possibilitassem a minha felicidade, afinal, transitória ou não, vivemos em busca dela, não é mesmo? E hoje, você está feliz?
NayaraAlexandra.

"A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz."
                                                                                         - Sigmund Freud 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

(Re) Começando.


Há cerca de dois meses  não se viam. Até ouvir sua voz do outro lado da linha ao marcar o encontro, tinha sido estranho. Mas tinham que fazer, precisavam se dar outra chance. Nesse período, tentaram, em vão, se distrair com outras bocas, outros corpos, porém, como foi dito...em vão. Não era a mesma coisa; ainda não tinham encontrado em ninguém a mesma sensação de quando se tocavam. Na verdade, ela não sabia se isso era saudades de fato ou apenas força do hábito, o que dava mais um motivo para se verem hoje. Faltou estágio, acordou duas horas antes do habitual de quando não tem compromissos. Afinal, não queria estar com cara de "caída da cama", tão pouco de cansada, por isso na noite anterior foi dormir mais cedo, ou melhor, tentou dormir. O que aconteceu na verdade, foi um sucessão de memórias que lhe bombardearam por boa parte da noite; lembrou da primeira vez que se viram, do primeiro beijo, a primeira briga...daí foi natural lembrar da separação, das brigas que começaram a virar rotina, da falta de paciência tomou o  lugar do carinho de sempre, mas sabia que o problema não foi falta de amor, não, isso não. Só chegaram ao um ponto que  acharam que já haviam feito de tudo e sofreriam menos separadas. Mas se fosse falta de amor, ela saberia. Achava que por isso estava anormalmente agitada de manhã, pois sempre ficava assim quando iam se ver, imaginava se ela também estaria se sentindo da mesma forma, encarava como uma espécie de sinal que ainda se amavam. "Será mesmo?"Pensava. Devido a toda agitação fumou mais que o comum, olhava nervosa pra carteira de cigarros vazia e amassada em cima da mesa e foi inevitável não lembrar de como ria quando era chamada de "devoradora de cigarros", é, não era tão engraçado quando ela lembrava sozinha. Quando estava tentando se acalmar, usando a maquiagem pra isso, escuta o interfone, correu pra atender como um daqueles maratonistas que vê na tv: cansados e felizes ao mesmo tempo. 
-Pode mandar subir.
Sabia de cabeça que da portaria ao seu apartamento eram cerca de um minuto e meio, era o tempo que tinha pra tentar não parecer tão vulnerável, porque apesar de sentir sua falta, não podia esquecer que foi deixada, que mesmo sabendo que houveram motivos, a decisão de  desistir não foi sua. Queria, ao menos nos primeiros minutos de conversa, deixar bem claro que ainda estava magoada, que doía e que tinha um pouco de orgulho. Mas temia que quando visse seu sorriso lindo e seus olhos, se perdesse neles. Então, eram um minuto e meio de auto controle, basicamente.
"Chegou!"
Não tocou a campanhinha, claro. Era de seu costume dar três batidinhas na porta. "Ao menos ainda lembra disso."-Corou ao pensar.
Ela abriu a porta, se olharam por bastante tempo, ou alguns segundos, nunca saberemos como o tempo estava passando naquele instante.
Sentia seu coração batendo num ritmo totalmente irregular, mas não estranho, era o ritmo de dois meses antes, o mesmo. Sabia que tinham muito a dizer, mas não conseguiam quebrar o silêncio. Então de repente, tentando procurar aquelar dorzinha, o buraquinho que havia se formado dentro de si, se assustou: não estava mais lá, já não doía. Não sabia se por se sentir assim indicava que iriam se reconciliar, porém pensou de novo " Não dói mais". 
-Posso entrar? -perguntou.
-Pode, pode sim. - e dizia o mesmo tempo a si mesma: "calma, já pode entrar, talvez não permaneça, mas não dói mais".
E percebeu que talvez haviam chances de não reatarem, que fosse mais força do hábito que saudades, e que o nervosismo fosse só porque tinha medo de constatar a verdade. Bom, ainda tinha amor, verdade, tinha mesmo. Mas talvez não valesse a pena retornar para os erros de sempre, que levavam ao sofrimento de sempre. Sentia na pele o que queriam dizer quando falavam que tem horas que só o amor não basta, mas para sua surpresa, não estava triste. Ao contrário, finalmente se sentia livre. Pois estava ali, inteira. Não tinha desabado com o primeiro sorriso, o primeiro olhar. Sabia que estava pronta, pronta pra seguir adiante, pra aceitar com sobriedade o que fosse resolvido naquele dia. Sabia que iria ficar bem, afinal, já não doía mais. 
-NayaraAlexandra.