quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

" e se..."


Assim, é que tem gente que passa a vida acreditando que tem o controle. O controle das situações, o controle do que sente. Desse modo, passam bastante tempo (às vezes, tempo demais) conformado com que  dão e o que recebem de outrem. Porque no fundo, o que pessoas assim temem é aquela sensação de caos, aquele desconhecimento do que virá a seguir, o inesperado. No entanto, em determinado momento, mesmo contra a vontade deles, algo muda e aquela bolha de auto-controle simplesmente "estoura". 
Nessas horas, não restam muitas opções; 
Ou se entrega ao mar te incertezas que virá, ou finge-se que nada aconteceu, engole-se à seco a novidade e se segue do "mesmo" jeito que sempre foi.
A questão é, que uma vez que se conhece o "caos", uma vez que sente-se aquele turbilhão de coisas todas, fica meio difícil manter-se inerte ao que virá. É possível que até se escolha não se entregar, mas será que dá pra se viver com aquele " e se" martelando todo dia?


-Porque entre permanecer estática e indiferente ao que me ocorria e correr o risco de nunca sentir, eu preferi me dar o braço a torcer, arriscar e ser feliz.



-NayaraAlexandra

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

(sem) medo.


Encarar o que se teme é sempre mais apavorante do que sentir o medo em si.
Porque com um ou outro medinho, a gente vive até bem. Sabe que não consegue "pular aquela cerca" e não o faz. A gente teima em achar que, dessa forma, tem o controle da situação.
O complicado  é quando, espontaneamente, ou não, temos que engolir o autocontrole e dizer um "dane-se" pra tudo aquilo que nos assusta, nos trava.
Difícil mesmo é ver sentido nesse impulso de coragem. Porque viver com o medo, bem que é fácil,a gente acostuma. Vira traço de personalidade.
O duro é acordar um dia, e tentar se convencer que existem motivos suficientes e convincentes que comprovem que "dar a cara a tapa" valeu mesmo a pena. Que se arriscar um pouco, talvez, te faça mais feliz.
Contudo, quando mesmo com "o modo de segurança" ligado, com o tempo, a gente percebe que há uma probabilidade bastante razoável de que as coisas deem certo, que encarar o que se teme, mesmo que causando algumas feridas no caminho, pode nos levar por um caminho seguro.
São nessas horas, que quase se esquece o que se teme. Ou melhor, em umas poucas horas mágicas, até se esquece mesmo. 
Esquece-se do mundo ao redor, que dirá de uns medos à toa. 
Aí, a gente se dá conta que são nesses raros intervalos de tempo, onde tudo faz sentido. Onde tudo que até então era estranho e impossível de se manter coerente normalmente, começa a preencher todos os espaços. E aí, nesses horas também, a gente se dá conta que perdeu um tempo precioso lutando contra o inevitável. Que era muito mais simples e feliz, se deixar levar desde o principio e compreender que o novo, o inesperado, e o que assusta, às vezes, é o melhor que pode nos acontecer. E tenho dito.
NayaraAlexandra.


"A gente se entrega nas menores coisas."
Caio Fernando Abreu.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O moço é que tá diferente.



E era daqueles do tipo bem contido; que pensava programado. E pior: sentia programado. 
Não se dava ao trabalho de dar nem que fosse um dedinho a torcer, que dirá um braço. Não mesmo, não permitia que o inesperado guiasse seus passos.
O incrível é que só se  permitia viver assim, porque de fato, o inesperado nunca o atingiu de verdade. Ele nunca olhou ao redor e deixou as coisas acontecerem, não. Ele sempre olhava para o lado e garantia que estava tudo no seu devido lugar. Só que claro, como era de se esperar, um dia toda a "banca" se desfez, o mundo bem estruturado e contido em que ele se isolava, perdeu totalmente o sentido. Não se sabe exatamente o motivo, mas algo mudou. Desde esse dia o moço-contido já olhava pras pessoas de outro jeito, já tinha um brilho diferente, um "frenesi". Já não levava a vida como um eterno jogo de certo ou errado, mas como um caminho com infinitas possibilidades. Desse modo, não entendia ,ainda, se estava mais feliz assim, se todo o reboliço que causou valeu a pena, se deixar de pensar na vida como ciências exatas e tratá-la como ciências humanas iria levá-lo a algum lugar. 
Não eram raras as noites desde a mudança, em que perdia horas de sono remoendo na sua cabecinha complexa, a complexidade daquilo tudo, contudo, sempre achava, no fim das contas, um ou dois motivos que o faziam rir antes de finalmente adormecer. Às vezes, mesmo que em segredo, chorava. Porque haviam dias em que era difícil, até mesmo pra ele, sempre tão regrado no que se sentia. De uns tempos pra cá também notou que seus sentimentos também andavam diferentes, que sons e cores novas surgiram, que umas culpas novas também, fazer o que? Contudo, o moço mesmo sem entender, sem aceitar muito bem, percebeu que precisa daquilo, que ao menos uma vez na sua vida precisava provar pra si mesmo que poderia ser feliz sem planejar a felicidade, que uma surpresa ou um susto, volta e meia também movimentavam ( ou paravam) seu mundo. E que ele ainda penaria um bocado tentanto descobrir se agiu da  forma correta com o inesperado que lhe ocorreu, e sofreria mais outros quando eventualmente, se desse conta que não. Porém uma lição importante que o moço tem aprendido com sua nova vida "caótica": é que não há nada, absolutamente nada que ele ou alguém possa fazer pra apagar o que se passou, que é bastante chato se preocupar demais com o que ainda nem aconteceu e que tudo depende de como ele agiria a partir de agora. E tenho dito.
NayaraAlexandra