quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O moço é que tá diferente.



E era daqueles do tipo bem contido; que pensava programado. E pior: sentia programado. 
Não se dava ao trabalho de dar nem que fosse um dedinho a torcer, que dirá um braço. Não mesmo, não permitia que o inesperado guiasse seus passos.
O incrível é que só se  permitia viver assim, porque de fato, o inesperado nunca o atingiu de verdade. Ele nunca olhou ao redor e deixou as coisas acontecerem, não. Ele sempre olhava para o lado e garantia que estava tudo no seu devido lugar. Só que claro, como era de se esperar, um dia toda a "banca" se desfez, o mundo bem estruturado e contido em que ele se isolava, perdeu totalmente o sentido. Não se sabe exatamente o motivo, mas algo mudou. Desde esse dia o moço-contido já olhava pras pessoas de outro jeito, já tinha um brilho diferente, um "frenesi". Já não levava a vida como um eterno jogo de certo ou errado, mas como um caminho com infinitas possibilidades. Desse modo, não entendia ,ainda, se estava mais feliz assim, se todo o reboliço que causou valeu a pena, se deixar de pensar na vida como ciências exatas e tratá-la como ciências humanas iria levá-lo a algum lugar. 
Não eram raras as noites desde a mudança, em que perdia horas de sono remoendo na sua cabecinha complexa, a complexidade daquilo tudo, contudo, sempre achava, no fim das contas, um ou dois motivos que o faziam rir antes de finalmente adormecer. Às vezes, mesmo que em segredo, chorava. Porque haviam dias em que era difícil, até mesmo pra ele, sempre tão regrado no que se sentia. De uns tempos pra cá também notou que seus sentimentos também andavam diferentes, que sons e cores novas surgiram, que umas culpas novas também, fazer o que? Contudo, o moço mesmo sem entender, sem aceitar muito bem, percebeu que precisa daquilo, que ao menos uma vez na sua vida precisava provar pra si mesmo que poderia ser feliz sem planejar a felicidade, que uma surpresa ou um susto, volta e meia também movimentavam ( ou paravam) seu mundo. E que ele ainda penaria um bocado tentanto descobrir se agiu da  forma correta com o inesperado que lhe ocorreu, e sofreria mais outros quando eventualmente, se desse conta que não. Porém uma lição importante que o moço tem aprendido com sua nova vida "caótica": é que não há nada, absolutamente nada que ele ou alguém possa fazer pra apagar o que se passou, que é bastante chato se preocupar demais com o que ainda nem aconteceu e que tudo depende de como ele agiria a partir de agora. E tenho dito.
NayaraAlexandra

Nenhum comentário:

Postar um comentário