quarta-feira, 7 de novembro de 2012

(Re) Começando.


Há cerca de dois meses  não se viam. Até ouvir sua voz do outro lado da linha ao marcar o encontro, tinha sido estranho. Mas tinham que fazer, precisavam se dar outra chance. Nesse período, tentaram, em vão, se distrair com outras bocas, outros corpos, porém, como foi dito...em vão. Não era a mesma coisa; ainda não tinham encontrado em ninguém a mesma sensação de quando se tocavam. Na verdade, ela não sabia se isso era saudades de fato ou apenas força do hábito, o que dava mais um motivo para se verem hoje. Faltou estágio, acordou duas horas antes do habitual de quando não tem compromissos. Afinal, não queria estar com cara de "caída da cama", tão pouco de cansada, por isso na noite anterior foi dormir mais cedo, ou melhor, tentou dormir. O que aconteceu na verdade, foi um sucessão de memórias que lhe bombardearam por boa parte da noite; lembrou da primeira vez que se viram, do primeiro beijo, a primeira briga...daí foi natural lembrar da separação, das brigas que começaram a virar rotina, da falta de paciência tomou o  lugar do carinho de sempre, mas sabia que o problema não foi falta de amor, não, isso não. Só chegaram ao um ponto que  acharam que já haviam feito de tudo e sofreriam menos separadas. Mas se fosse falta de amor, ela saberia. Achava que por isso estava anormalmente agitada de manhã, pois sempre ficava assim quando iam se ver, imaginava se ela também estaria se sentindo da mesma forma, encarava como uma espécie de sinal que ainda se amavam. "Será mesmo?"Pensava. Devido a toda agitação fumou mais que o comum, olhava nervosa pra carteira de cigarros vazia e amassada em cima da mesa e foi inevitável não lembrar de como ria quando era chamada de "devoradora de cigarros", é, não era tão engraçado quando ela lembrava sozinha. Quando estava tentando se acalmar, usando a maquiagem pra isso, escuta o interfone, correu pra atender como um daqueles maratonistas que vê na tv: cansados e felizes ao mesmo tempo. 
-Pode mandar subir.
Sabia de cabeça que da portaria ao seu apartamento eram cerca de um minuto e meio, era o tempo que tinha pra tentar não parecer tão vulnerável, porque apesar de sentir sua falta, não podia esquecer que foi deixada, que mesmo sabendo que houveram motivos, a decisão de  desistir não foi sua. Queria, ao menos nos primeiros minutos de conversa, deixar bem claro que ainda estava magoada, que doía e que tinha um pouco de orgulho. Mas temia que quando visse seu sorriso lindo e seus olhos, se perdesse neles. Então, eram um minuto e meio de auto controle, basicamente.
"Chegou!"
Não tocou a campanhinha, claro. Era de seu costume dar três batidinhas na porta. "Ao menos ainda lembra disso."-Corou ao pensar.
Ela abriu a porta, se olharam por bastante tempo, ou alguns segundos, nunca saberemos como o tempo estava passando naquele instante.
Sentia seu coração batendo num ritmo totalmente irregular, mas não estranho, era o ritmo de dois meses antes, o mesmo. Sabia que tinham muito a dizer, mas não conseguiam quebrar o silêncio. Então de repente, tentando procurar aquelar dorzinha, o buraquinho que havia se formado dentro de si, se assustou: não estava mais lá, já não doía. Não sabia se por se sentir assim indicava que iriam se reconciliar, porém pensou de novo " Não dói mais". 
-Posso entrar? -perguntou.
-Pode, pode sim. - e dizia o mesmo tempo a si mesma: "calma, já pode entrar, talvez não permaneça, mas não dói mais".
E percebeu que talvez haviam chances de não reatarem, que fosse mais força do hábito que saudades, e que o nervosismo fosse só porque tinha medo de constatar a verdade. Bom, ainda tinha amor, verdade, tinha mesmo. Mas talvez não valesse a pena retornar para os erros de sempre, que levavam ao sofrimento de sempre. Sentia na pele o que queriam dizer quando falavam que tem horas que só o amor não basta, mas para sua surpresa, não estava triste. Ao contrário, finalmente se sentia livre. Pois estava ali, inteira. Não tinha desabado com o primeiro sorriso, o primeiro olhar. Sabia que estava pronta, pronta pra seguir adiante, pra aceitar com sobriedade o que fosse resolvido naquele dia. Sabia que iria ficar bem, afinal, já não doía mais. 
-NayaraAlexandra.






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