sábado, 20 de outubro de 2012

"Mesmo sozinho..."


Era um dia normal...pra maioria das pessoas, menos pra ela. Ela tinha acordado a hora de sempre, comido o de sempre no café da manhã e ido a faculdade como todos os dias. Mas em muitos anos era primeira vez que acordava "sem" ele. Durante esse tempo, acostumou-se a acordar com seus sms matinais, seus mimos matinais. Chegava a sentir o buraco enorme que essas pequenas coisas deixavam no seu dia. Mas, mais que perdidamente apaixonada por ele, ela estava acostumada à ele, acostumada a olhar para o lado ou para si mesma e antes de se ver, ela o via. Como lidar com a sensação de que agora era somente ela? E se perguntava se era mais difícil estar sem ele, ou estar só consigo mesma. E pensava: "ao menos com ele, eu tinha o controle, eu sabia onde pisava, mas a ideia de lidar comigo mesma me atormenta mais que qualquer fossa." 
Nos dias que se seguiram, ainda se falaram, se viram. Mas não era a mesma coisa, não. O mundo não parava mais de girar quando ela o ouvia, na verdade, ouvi-lo quase doía, porque era um meio um déja vu, mas ao contrário. Mesmo assim, por força de todos os hábitos era difícil cortá-lo de vez da sua vida. Não sabia como, e não tinha certeza que se o fizesse o quanto dela estaria cortando junto. Preferia mantê-lo perto, nem que fosse por segurança, por lembrança, por costume, por...por ainda não estar segura o suficiente pra seguir só. Na verdade, ela não admitia, mas no fundo ainda se imaginava com ele, ainda se pegava pensando nos dois como um casal, afinal até poucos dias atrás isso era tudo que ela conhecia como certo, não entendia bem ainda como ficou "errado" tão rápido. Quando perguntavam, ela sempre tinha uma resposta, tinha ensaiado em frente ao espelho o motivo do término do seu relacionamento, tinha que convencer, tinha que se convencer acima de tudo, pois aprendeu com a vida que as coisas ruins ficam mais fáceis de se engolir quando a gente se convence que teve um lado bom, que foi necessário. 
Era o que tentava fazer todos os dias, avaliava pela milésima vez porque acabaram, ponderava sobre cada um dos motivos. Tentava equilibrar o duelo da sua razão contra sua emoção se convencendo que estava melhor sem ele! Pronto falei! Mas não era assim tão simples, preto no branco, matéria exata. Essas coisas estão mais pra tentativa e erro, mesmo: tentando estar bem por mais um dia, errando em não conseguir, tentando no outro dia e coisa e tal, até o dia que pensar nele não doa, que não perca horas sem dormir pensando que estaria falando com ele em outros tempo no mesmo horário, e seu ciclo circadiano já sabia disso, que ao olhar pra o lado ou pra o status de relacionamento da sua rede social não sinta aquela mistura de nostalgia  e oco mais uma vez, ou quem sabe, ambos percebam que tudo isso foi um equivoco, que todos os motivos que penaram para aceitar, não fazem nenhum sentido e se deem outra chance, seja um com outro ou outra chance pra vida mesmo, quem sabe?  
Bom, ela, no momento, não sabia. Só sabia que com ou sem ele tinha que prosseguir, tentar  ver que sua vida é bem mais complexa que seu relacionamento encerrado, que existem mais coisas e pessoas que a fazem rir sem motivo, que há vantagens em estar solteira, entre elas poderia passar mais tempo consigo mesma e que por maior que fosse a angústia que estivesse sentindo agora, ela era daquelas pessoas pacientes, que acreditavam na ordem natural das coisas e sabia que o tinha de ser seu, aquilo que ela merecia, estava por vir, ninguém tiraria isso. Precisava acreditar nisso, pra seguir adiante, pra que no futuro ao lembrar disso, estando só, com ele ou com outro alguém, perceba que não dói mais, não.Dá até uma ou duas borboletinhas na barriga, mas não machuca. E assim perceba que precisava daquilo, precisou ter passado por tudo isso, pra crescer, pra saber mais de si, pra amar melhor, se amar melhor e estar feliz, mesmo sozinha e agradecer por ter passado por tudo isso pra enfim, chegar a conclusão mais válida da vida: Que o segredo da sua felicidade nunca esteve apenas "nele", como ela pensou por anos, estava consigo o tempo inteiro, ela só precisava, quem sabe, olhar menos ao seu redor e procurar um pouco mais em si mesma. 
E tenho dito.
-NayaraAlexandra



 "Normal, estou vivendo simplesmente
Não vou ficar pensando
Se tivesse sido contrário
Estou feliz
Mesmo sozinho
Esse silêncio é paz
Nesse momento cai
Uma forte chuva
Quem vai ficar chorando?"
Nando Reis- Mesmo  sozinho

Ps: Baseado na vida alheia. Rsrsrs.
Ps: A vida alheia autorizou-me a publicar.

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