domingo, 1 de maio de 2016

Teorema de um nevoeiro.

E olha só, a moça tinha uma dificuldade imensa de questionar seus sentimentos, seus “eus” dentro de si. Mas era inevitável entre conversas com amigos, música boa e algumas doses, que e o amor e outras banalidades sentimentais não viessem à tona:
- Tu acreditas no amor?
- Claro, ele que costuma não acreditar em mim.
- E você faz por onde?
- O que “seria fazer por onde”?
- Sei lá, se doar pra outra pessoa, confiar se comprometer, parecer segura...
- Cara, sinceramente, eu sou muito minha, não sei se tenho estrutura pra me doar demais, eu gosto da sensação de estar em tudo, em todos, e ainda sim no final do dia, ser só eu.
- E você não se sente meio sozinha às vezes?
- (Risos) Claro, mas o preço de estar “acompanhada” é muito alto. Pra que limitar e enjaular meu amor quando eu posso distribuí-lo ao universo? Olhando por esse ângulo eu tenho mais chances e possibilidades de ser amada do que você, meu amigo romântico, devoto do amor “monovalente”.
- É, pode ser. Realmente é uma questão de ângulo. Mas nunca é só você, sabe? Será que dá pra ser avassaladora e levando consigo todos os amores e dores e sair intocada do processo?
- E quem disse que quero sair ilesa? Man, eu quero sentir tudo, todos, todas as cores, todos os gostos. Eu sou tão jovem, é meu momento de querer tudo. Tudo que me é tangível. Quero me tornar parte de tudo e ao mesmo tempo inteira minha, entende?
- Não, não muito. Mas isso não me cabe. É tudo seu mesmo, como você diz. Mas moça, um dia você ainda vai ter que saber: Será que sua felicidade será em porto onde você vai ancorar, ou seu porto, na verdade é em todo e qualquer lugar?

Eles resolveram deixar o assunto minguar, continuaram bebendo e concentrados na música que tocava, não era a hora da moça responder, um dia (ou não) será.
-NayaraAlexandra.

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