sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

As crianças é que são felizes...

Tô cansada de tanta coisa, de tanta gente. Tô cansada de me sentir cansada.
Até certo tempo atrás eu tinha uma disposição invejável, costumava não me abalar por nada, mas a medida que o tempo passa, além corpo, a mente começa a trabalhar mais devagar...falando assim parece que sou uma anciã, quem dera, pelo menos já teria passado por tudo, e teria como pelo menos dizer que aprendi muita coisa na vida. Mas não, é pior: sou quase uma garota, não tenho nem 2 décadas de existência, mas por dentro, às vezes, parece que carrego o peso de uma vida inteira. O tenso é que é só peso, porque eu não tenho a maturidade, força e experiencia de uma vida inteira.
É como guardar um rio inteiro dentro de uma garrafa pet, e torcer pra ela aguentar toda a pressão.
Sabe de uma, as criancinhas são felizes e não sabem, talvez até saibam, quem sou eu pra dizer. Elas não tem preocupação, só comem, dormem e não são julgados pelas suas ações incipientes, eles estão na idade de errar pra aprender, ter milhares de experiências pra aprender como se faz certo.
Porque depois que a gente cresce cada frase tem um sentido, cada palavra pode ser mal interpretada, e a sinceridade desbocada, que outrora arrancava risos da mamãe e dos vizinhos, agora é substituída por uma verdade superficial, que esconde uma hipocrisia cruel, mas por outro lado protetora, que protege o que se sente bem lá no fundo.
Antes, quando pequenos, exteriorizar os sentimentos, as emoções as queixas, era só uma birra inocente, engraçadinha da idade, coisa fofa. Hoje os olhares já não demostram mais nada, só uma frieza disfarçada, um medo velado. Medo de que mesmo em silêncio o que se pensa 'vaze', que quando vazar, não se tenha mais controle, que o que saiu machuque, não agrade todo mundo, te complique na história.
Medo de falar o que se pensa? Isso não faz o menor sentido pras crianças, acho que elas nem conseguem formular tal frase. O que acontece quando a gente cresce? É só o medo que cresce também, ou as coisas que a gente pensa que ficam 'infaláveis'? Melhor, ou é só que tá ao nosso redor que também envelheceu e não entende mais nada? Sei lá.
Só voltando a ser criança pra saber e imediatamente crescendo de novo pra dar tempo de comparar, e acho que nem assim, acho que se perde pra sempre a inocência e desprendimento da idade, depois que se cresce uma vez, perde-se naturalmente o dom da autenticidade. Pois é, começo a achar que só fui eu de verdade naquele período, e me perturba a ideia de talvez não lembrar como chegar lá de novo e viver assim, essa versão envelhecida e mofada de mim mesma.
Bom, eu escuto desde de criancinha que pra um bom mofo, sempre há uma boa naftalina. Bem vou acabar esse post e mergulhar numa piscina delas...quem sabe né?

Um comentário:

  1. Acho que as naftalinas não resolvem para esse mofo, porque se resolverem, a sociedade se encarrega de mofar novamente. Ela não está preparada para a verdade dita por um adulto com a inocência de uma criança.
    Por isso vivo perdida nesse mundo.

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