segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

No plans.


Decidida a viver um dia de cada vez, precisava aprender a parar de pensar no dia de amanhã.
Era uma marca incontestável da sua personalidade: sofrer de véspera. E já estava cansada da expressão séria e sabichona dos mais de 4 psicólogos que em vão consultou, ao dizerem que ela sofria de um Transtorno de ansiedade qualquer, pois achava que sua insatisfação e desequilíbrio emocional eram demasiadamente complexos pra caberem em duas palavras tão amplas. Na verdade não sabia nem se era desequilíbrio ou pura desculpa mesmo. Pois é, era mais fácil atribuir a qualquer desordem mental a culpa pelos fracassos da sua vida do que assumir que errou por incompetência ou preguiça, ou qualquer um desses defeitinhos banais que ela escondia. Isso de esconder me lembra que ela por si só era bastante reprimida e controlada. Ou ao menos, gostava de achar que tinha o controle. Funcionava assim: Não gostava da rotina, porém antes de inovar calculava várias rotas de possíveis mudanças, só pra ter certeza que não seria surpreendida por si mesma ou pelos os outros. Não contava com o acaso. Tinha um medo mortal de ser pega desprevenida. A coisa era tão séria que não admitia que algo inesperado lhe ocorresse, lógico que não. Não admitia que o destino tomasse as rédeas da sua vida. Verdade mesmo, é que ela acreditava para caramba nele, no destino, mas a ideia de algo que não fosse ela mesma que criasse ou alterasse a sua simples vidinha lhe assustava tremendamente. Porém, estava progredindo nesse sentido; vez ou outra se entregava ao que aparecia na sua frente sem reservas, às cegas, pra sentir a sensação que era forte o suficiente pra quebrar suas próprias regras. E não é que conseguia? Que ao menos de vez em quando, agia sem planos, sem roteiros. E mesmo negando por um tempo, era mais feliz nesses dias. Nos dias que não esperava quase nada, mas que acabava recebendo tudo que precisava. Nesses dias atípicos para alguém de seu feitio, ela costumava parar pra pensar, pensar se conseguiria ter mais dias como esses, sem planos, sem restrições. O fato é que não se sentia pronta pra mudar, que toda e qualquer mudança a acoava, que acostumou-se a primeiro planejar, calcular e por fim, por em prática a decisão que julgava mais segura. Mas haviam esses dias estranhos, dias mais coloridos, em que ela deixava de lado todos os medos, todos os planos e vivia. Vivia não mais de acordo com seus planos, mas de acordo com seus sentimentos. Em tempos assim não tinha garantia nenhuma que tudo iria dar certo ou de que não fosse sofrer/fazer sofrer, contudo era apenas nesses dias que se sentia de verdade, que sentia que definitivamente tinha vindo para vida para fazer muito mais do que apenas viver, e que a vida volta e meia podia lhe agraciar com uma boa surpresa.
-Nayara Alexandra.


"A vida é o que lhe acontece, enquanto você está ocupado fazendo outros planos" (John Lennon)


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